Esta frase lembrou-me um episódio que se passou comigo recentemente.
Mais uma vez conheci o J. na net, mais precisamente nos "amiguinhos" que existia e se calhar ainda existe no portugalmail.
A coisa desenrolava-se através de mensagens mas as respostas eram lentas a dizer chega.
Este simpático era e é locutor numa rádio que tem um nº grátis que supostamente é para o trânsito mas não só!
Como na altura estava de serviço à noite eu ligava-lhe e conversávamos sobre nós, sobre algum assunto mais mediático e eu achei que era a pessoa indicada para servir de meu confidente em relação a determinado cavalheiro. Afinal a opinião de outro homem pode ajudar a "ver" melhor coisas que uma mulher interpreta de outra maneira.
Mas foi sempre um querido e durante o dia algumas vezes trocávamos sms nem que fosse para combinar de conversar à noite.
Isto durou imenso tempo, com períodos de maior ou menor contacto .
Foi sempre uma pessoa carinhosa e sobretudo com uma enorme paciência para me ouvir e dar bons conselhos.
Entendiamo-nos bem e para mim era um amigo diferente mas amigo.
Até que lhe veio o desejo de me conhecer.
A minha experiência disse-me logo que ia sair asneira porque já noutras ocasiões depois de ver e olhar o outro as coisas mudam mas por mim tudo bem e devia-lhe isso.
Lá se combinou o encontro num local de que gosto muito, o Plaza Picoas.
O ambiente é calmo e tem uns óptimos gelados e uma esplanada muito agradável.
Chegou o dia e a hora.
Para mim ele era sobretudo alguém que eu estimava e muito mas eu para ele devia ser uma incógnita.
O homem ficou radiante.
Eu devia corresponder ao que ele esperava.
Muito correcto, muito carinhoso e até direito a uma rosa vermelha tive.
Mas ficamos num impasse curioso: falamos de banalidades e como não podiamos ficar ali eternamente lá nos separámos como bons amigos.
Mas qualquer coisa não estava certa.
E nessa mesma noite tive a confirmação.
Mensagens para lá e para cá até que achei melhor telefonar porque já não estava a gostar do assunto.
E caiu a bomba.
"Sabes que eu gosto muito de ti, tu mexeste muito comigo e podiamos ser mais do que simples amigos!"
Eu sabia qual era a situação familiar dele e quais os motivos porque não tinha saído desse compromisso. Respeitei a sua decisão porque compreendo que por vezes temos que tomar um caminho que é o melhor para todos, abdicando dos nossos sonhos.
Eu própria já passei por isso.
Mas este desabafo fez-me entristecer.
Porque apesar de no passado me ter envolvido com uma pessoa casada isso não se iria repetir nunca mais. E com a maior honestidade lho disse apesar de saber à partida que ia magoar alguém que tinha sido tão especial e tão importante para mim em momentos muito difíceis.
Tenho de reconhecer que a sua resposta foi de uma coerência e duma dignidade que raras vezes acontece.
"Eu sabia que me ias responder que não. Por isso levei tanto tempo para to dizer.
Mas não posso continuar a calar-me e como tal o melhor é eu afastar-me de ti antes que seja demasiado tarde".
Eu nada disse porque não saberia que dizer.
"Por isso peço-te que não me telefones mais. Apenas quero guardar a tua recordação e o meu sonho".
E assim nos separámos.
E assim se foi embora da minha vida um grande amigo.
Mas eu guardo-te no meu coração.