Confidências duma Balzaquiana desiludida com alguns homens e surpreendida com outros

16
Ago 08

Desde há alguns anos que tenho um perfil público na net.

Mas vou recuar mais um pouco, ao tempo em que apenas existia msn ,sapo e pouco mais.

O mundo internaútico era um pouco diferente e havia de vez em quando "cruzamentos" com pessoas interessantes e bons conversadores; ainda não era moda "queria conhecer-te melhor o meu nº XYZXPTO".

Pois cruzei-me com um indivíduo um pouco por acaso pois tinha uma homepage interessante e deixei ficar uma msg no livro de visitas .

Respondeu-me e trocámos endereços de email e começamos a conversar.

A conversa era fluída e para além do banal: conversamos sobre alguns autores portugueses, sobre fotografia e trocámos algumas imagens de paisagens, sobre esoterismo e tarot em particular , enfim conversas com substância.

Falamos sobre nós próprios, das rasteiras que a vida nos vai pregando e também das alegrias que vamos tendo.

Eu gosto de andar a pé e Lisboa é uma cidade que considero favorecida pela luz e pelos recantos que ainda guarda.

Tinha combinado com uns colegas no feriado municipal irmos fazer um passeio até ao castelo e depois ir deambulando pela cidade. Eu gosto muito de fotografia e achei uma óptima ocasião para me treinar em P/B.

Uns dias antes e falando com esse meu amigo/companheiro de muitas noitadas de conversa e como ele é natural do castelo, convidei-o para vir também.

Agradeceu mas começou a engasgar-se e percebi que não estava interessado. Tudo bem.

Passados uns dias e depois de lhe ter mostrado algumas das fotos que tinha tirado perguntou-me se eu gostava de serenatas. "Gosto bastante!".

Então lá me convidou para ir no sábado seguinte a uma serenata que ia haver não me lembro onde. Agradeci e disse-lhe que ia pensar.

E pensei: "Então não quis vir dar um passeio e agora convida-me para uma serenata? Estranho!"

E recusei mas agradeci e "fica para uma próxima ocasião".

As nossas conversas continuaram mas comecei a achar que alguma coisa tinha mudado.

Parecia existir um certo constrangimento onde antes existia à vontade e descontracção.

Até que rebentou a bomba.

"Já falamos um com o outro há tanto tempo (meses) e ainda não nos conhecemos pessoalmente.......Temos que nos encontrar não achas?"

Por acaso não achava mas tinha que ser justa com ele e se me queria ver em carne e osso nada contra.

Combinámos tomar um café ao final do dia porque lhe dava mais jeito e eu aproveitei que tinha um assunto a tratar no Saldanha e lá nos encontramos.

Uma situação que confesso não esperava foi a festa que me fez. Muito contente, muito feliz por finalmente me conhecer.

Um grande elogio "és muito bonita e simpática" e aqui a coisa azedou: então não é que me agarra a mão e começa a fazer festinhas?

Eu fiquei a olhar e a pensar: "este  deve estar com febre!" Lá retirei a mão e fingi que não tinha acontecido.

A conversa ,depois destes preliminares , enveredou por um caminho estranho: começou a contar-me que tinha uma amiga com quem costumava sair e que tinham ido um fim de semana para o Alentejo e que passaram a noite toda a conversar.

E eu com isso? Não estava a perceber aonde é que queria chegar e deixei-o falar mais.

Até que como estava muito inspirado chegou ao cerne da conversa: "um dia destes tens que me convidar para jantar na tua casa mas apenas nós!"

Fica à espera, pensei eu. Mas como não o queria magoar porque até tinha uma boa impressão dele como pessoa comecei a olhar para o relógio e disse: "Nem reparei nas horas, desculpa mas tenho mesmo que ir!"

Ofereceu-se logo para me ir pôr onde eu quisesse mas como ia para Entrecampos disse que não valia a pena e despedimo-nos com a promessa de repetir.

Claro que isso nunca aconteceu.

E com o tempo comecei a evitar grandes conversas e acho que ele percebeu bem o motivo.

Fiquei desiludida mas sinceramente nunca me tinha passado pela cabeça jantares românticos em que eu seria a sobremesa, com ele entenda-se.

E com a mania de conhecer pessoalmente o outro se estragou uma óptima relação de camaradagem.

Mas também quem o mandou ir com demasiada sede ao pote? Partiu-o.

C'est la vie.

 

 

 

 

Balzaquiana às 21:01
música: Talk- Coldplay
sinto-me: Bem disposta

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