Confidências duma Balzaquiana desiludida com alguns homens e surpreendida com outros

31
Ago 08

Esta frase lembrou-me um episódio que se passou comigo  recentemente.

Mais uma vez conheci o J. na net, mais precisamente nos "amiguinhos" que existia e se calhar ainda existe no portugalmail.

A coisa desenrolava-se através de mensagens mas as respostas eram lentas a dizer chega.

Este simpático era e é locutor numa rádio que tem um nº grátis que supostamente é para o trânsito mas não só!

Como na altura estava de serviço à noite eu ligava-lhe e conversávamos sobre nós, sobre algum assunto mais mediático e eu achei que era a pessoa indicada para servir de meu confidente em relação a determinado cavalheiro. Afinal a opinião de outro homem pode ajudar a "ver" melhor coisas que uma mulher interpreta de outra maneira.

Mas foi sempre um querido e durante o dia algumas vezes trocávamos sms nem que fosse para combinar de conversar à noite.

Isto durou imenso tempo, com períodos de maior ou menor contacto .

Foi sempre uma pessoa carinhosa e sobretudo com uma enorme paciência para me ouvir e dar bons conselhos.

Entendiamo-nos bem e para mim era um amigo diferente mas amigo.

Até que lhe veio o desejo de me conhecer.

A minha experiência disse-me logo que ia sair asneira porque já noutras ocasiões depois de ver e olhar o outro as coisas mudam mas por mim tudo bem e devia-lhe isso.

Lá se combinou o encontro num local de que gosto muito, o Plaza Picoas.

O ambiente é calmo e tem uns óptimos gelados e uma esplanada muito agradável.

Chegou o dia e a hora.

Para mim ele era sobretudo alguém que eu estimava e muito mas eu para ele devia ser uma incógnita.

O homem ficou radiante.

Eu devia corresponder ao que ele esperava.

Muito correcto, muito carinhoso e até direito a uma rosa vermelha tive.

Mas ficamos num impasse curioso: falamos de banalidades e como não podiamos ficar ali eternamente lá nos separámos como bons amigos.

Mas qualquer coisa não estava certa.

E nessa mesma noite tive a confirmação.

Mensagens para lá e para cá até que achei melhor telefonar porque já não estava a gostar do assunto.

E caiu a bomba.

"Sabes que eu gosto muito de ti, tu mexeste muito comigo e podiamos ser mais do que simples amigos!"

Eu sabia qual era a situação familiar dele e quais os motivos porque não tinha saído desse compromisso. Respeitei a sua decisão porque compreendo que por vezes temos que tomar um caminho que é o melhor para todos, abdicando dos nossos sonhos.

Eu própria já passei por isso.

Mas este desabafo fez-me entristecer.

Porque apesar de no passado me ter envolvido com uma pessoa casada isso não se iria repetir nunca mais. E com a maior honestidade lho disse apesar de saber à partida que ia magoar alguém que tinha sido tão especial e tão importante para mim em momentos muito difíceis.

Tenho de reconhecer que a sua resposta foi de uma coerência e duma dignidade que raras vezes acontece.

"Eu sabia que me ias responder que não. Por isso levei tanto tempo para to dizer.

Mas não posso continuar a calar-me e como tal o melhor é eu afastar-me de ti antes que seja demasiado tarde".

Eu nada disse porque não saberia que dizer.

"Por isso peço-te que não me telefones mais. Apenas quero guardar a tua recordação e o meu sonho".

E assim nos separámos.

E assim se foi embora da minha vida um grande amigo.

Mas eu guardo-te no meu coração.

Balzaquiana às 20:34
sinto-me: melancólica
música: Always on my mind

16
Ago 08

Desde há alguns anos que tenho um perfil público na net.

Mas vou recuar mais um pouco, ao tempo em que apenas existia msn ,sapo e pouco mais.

O mundo internaútico era um pouco diferente e havia de vez em quando "cruzamentos" com pessoas interessantes e bons conversadores; ainda não era moda "queria conhecer-te melhor o meu nº XYZXPTO".

Pois cruzei-me com um indivíduo um pouco por acaso pois tinha uma homepage interessante e deixei ficar uma msg no livro de visitas .

Respondeu-me e trocámos endereços de email e começamos a conversar.

A conversa era fluída e para além do banal: conversamos sobre alguns autores portugueses, sobre fotografia e trocámos algumas imagens de paisagens, sobre esoterismo e tarot em particular , enfim conversas com substância.

Falamos sobre nós próprios, das rasteiras que a vida nos vai pregando e também das alegrias que vamos tendo.

Eu gosto de andar a pé e Lisboa é uma cidade que considero favorecida pela luz e pelos recantos que ainda guarda.

Tinha combinado com uns colegas no feriado municipal irmos fazer um passeio até ao castelo e depois ir deambulando pela cidade. Eu gosto muito de fotografia e achei uma óptima ocasião para me treinar em P/B.

Uns dias antes e falando com esse meu amigo/companheiro de muitas noitadas de conversa e como ele é natural do castelo, convidei-o para vir também.

Agradeceu mas começou a engasgar-se e percebi que não estava interessado. Tudo bem.

Passados uns dias e depois de lhe ter mostrado algumas das fotos que tinha tirado perguntou-me se eu gostava de serenatas. "Gosto bastante!".

Então lá me convidou para ir no sábado seguinte a uma serenata que ia haver não me lembro onde. Agradeci e disse-lhe que ia pensar.

E pensei: "Então não quis vir dar um passeio e agora convida-me para uma serenata? Estranho!"

E recusei mas agradeci e "fica para uma próxima ocasião".

As nossas conversas continuaram mas comecei a achar que alguma coisa tinha mudado.

Parecia existir um certo constrangimento onde antes existia à vontade e descontracção.

Até que rebentou a bomba.

"Já falamos um com o outro há tanto tempo (meses) e ainda não nos conhecemos pessoalmente.......Temos que nos encontrar não achas?"

Por acaso não achava mas tinha que ser justa com ele e se me queria ver em carne e osso nada contra.

Combinámos tomar um café ao final do dia porque lhe dava mais jeito e eu aproveitei que tinha um assunto a tratar no Saldanha e lá nos encontramos.

Uma situação que confesso não esperava foi a festa que me fez. Muito contente, muito feliz por finalmente me conhecer.

Um grande elogio "és muito bonita e simpática" e aqui a coisa azedou: então não é que me agarra a mão e começa a fazer festinhas?

Eu fiquei a olhar e a pensar: "este  deve estar com febre!" Lá retirei a mão e fingi que não tinha acontecido.

A conversa ,depois destes preliminares , enveredou por um caminho estranho: começou a contar-me que tinha uma amiga com quem costumava sair e que tinham ido um fim de semana para o Alentejo e que passaram a noite toda a conversar.

E eu com isso? Não estava a perceber aonde é que queria chegar e deixei-o falar mais.

Até que como estava muito inspirado chegou ao cerne da conversa: "um dia destes tens que me convidar para jantar na tua casa mas apenas nós!"

Fica à espera, pensei eu. Mas como não o queria magoar porque até tinha uma boa impressão dele como pessoa comecei a olhar para o relógio e disse: "Nem reparei nas horas, desculpa mas tenho mesmo que ir!"

Ofereceu-se logo para me ir pôr onde eu quisesse mas como ia para Entrecampos disse que não valia a pena e despedimo-nos com a promessa de repetir.

Claro que isso nunca aconteceu.

E com o tempo comecei a evitar grandes conversas e acho que ele percebeu bem o motivo.

Fiquei desiludida mas sinceramente nunca me tinha passado pela cabeça jantares românticos em que eu seria a sobremesa, com ele entenda-se.

E com a mania de conhecer pessoalmente o outro se estragou uma óptima relação de camaradagem.

Mas também quem o mandou ir com demasiada sede ao pote? Partiu-o.

C'est la vie.

 

 

 

 

Balzaquiana às 21:01
sinto-me: Bem disposta
música: Talk- Coldplay

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