Muito se fala nos últimos tempos em traição.
Procuram-se novas explicações para justificar a traição.
E até se arranjou um eufemismo para a traição: a neo-monogamia.
Tudo muito desempoieirado, muito modernaço, tudo sem culpa.
E é na culpa que reside o problema.
Traiu: sente culpa? Ou não existe qualquer problema e vai de repetir?
Hoje li uma pérola dos novos tempos: "C. ama o namorado com quem quer casar mas não consegue deixar de ter casos com outras pessoas."
Ama o namorado? Duvido.
Quer casar com o namorado? Acredito.
É que para a geração casadoira o casamento não passa dum acontecimento social.
Que implica apenas ter que viver com o outro. Sentimentos? Amizade e cumplicidade.
Quando se esgotam adeus e vai à tua vida .
Amor? Sentimento fora de moda.
Por isso trair passou a ser tão in.
E isto aplica-se tanto aos homens como às mulheres.
No entanto pergunto-me que valores morais têm estas pessoas e que tipo de monstros emocionais serão gerados em meio familiar tão estranho.
Porque não podem ensinar um filho a ser leal e fiel a um companheiro porque eles próprios não o são e nem devem saber o que isso é.
Outra afirmação que li num outro artigo ainda é mais imaginativo.
"M. traiu o marido porque se sentia mal-amada e desse modo reencontrou e fortaleceu o seu amor-próprio".
Bem só faltava isto: a traição serve de terapia para fortalecer a auto-estima.
De quem traiu porque quem foi traído deve ficar com a auto-estima ( e não só) bem danificada.
Realmente eu não sou desta época.
Trair é trair.
Tentações todos temos mas se estamos numa relação satisfatória não percebo o que se obtém de mais valia em trair.
Se a relação não é satisfatória então a honestidade, a lealdade e o respeito que o outro nos deve merecer obriga-nos a sair dessa relação e ir procurar a satisfação noutro lado.
Agora arranjar explicações de mau pagador é triste e não abona a favor de seres pensantes que deveríamos ser.
E muito menos demonstra que somos pessoas bem formadas.
Mas isto é o que eu penso.